Princípios BÍBLICOS
Estudo 3: As Promessas de Deus
Introdução | A Promessa no Eden | A promessa a Noé | A Promessa a Abraão | A Promessa a Davi | Perguntas

3.4 A Promessa a Abraão

O Evangelho ensinado por Jesus e os apóstolos não era, fundamentalmente, diferente daquele entendido por Abraão. Deus, através das Escrituras, "Anunciou primeiro o Evangelho a Abraão" (Gl. 3:8). Tão cruciais são estas promessas que Pedro começou e terminou sua proclamação pública do Evangelho com referência a elas (Atos 3: 13,25). Se pudermos entender o que foi ensinado a Abraão, então teremos um quadro bem básico do Evangelho cristão. Existem outras indicações de que "o evangelho" não é algo que apenas começou na época de Jesus:-

- "E nós vos anunciamos (o Evangelho), que a promessa feita aos pais (judeus), Deus a cumpriu" (Atos 13: 32,33).

- "O evangelho de Deus, o qual antes havia prometido pelos seus profetas (por exemplo, Abraão, Gn. 20:7) nas santas Escrituras" (Rm. 1:1,2).

- "Pois é por isto que foi pregado o evangelho até aos mortos" (1 Pedro 4:6) - i.e. crentes que viveram e morreram antes do primeiro século.

- "Pois também a nós foram anunciadas as boas-novas, como a eles" (Hb. 4:2) - i.e. Israel no deserto.

A promessa a Abraão tem dois temas básicos:

(1) coisas sobre a semente de Abraão (descendente especial) e

(2) coisas sobre a terra que foi prometida a Abraão.

Estas promessas são comentadas no Novo Testamento, e, mantendo o nosso método de deixar que a Bíblia explique-se a si mesma, vamos combinar os ensinos dos dois Testamentos para nos dar um quadro completo da aliança feita com Abraão.

Originalmente Abraão viveu em Ur, uma cidade próspera, onde agora é o Iraque. A arqueologia moderna revela um alto nível de civilização que foi alcançado na época de Abraão. Havia um sistema bancário, departamentos do governo e infra-estrutura relacionada. Sem conhecer algo diferente, Abraão viveu nesta cidade; tanto quanto sabemos, um homem do mundo. Mas, então, o chamado extraordinário de Deus veio até ele - para abandonar aquela vida sofisticada e embarcar em uma viagem para uma terra prometida. Exatamente onde e exatamente o quê, não estava completamente claro. Incluindo tudo, tornou-se uma viagem de 2.400 quilômetros. A terra era Canaã - a moderna Israel.

Ocasionalmente, durante a sua vida, Deus apareceu a Abraão e repetiu e ampliou a sua promessa a ele. Aquelas promessas são a base do Evangelho de Cristo, assim, como a verdadeiros cristãos, aquele mesmo chamado vem a nós, como foi a Abraão, para abandonar as coisas transitórias desta vida e prosseguir em uma vida de fé, considerando as promessas de Deus com valor nominal, vivendo de acordo com Sua Palavra. Nós bem podemos imaginar como Abraão meditou nestas promessas durante a viagem. "Pela fé Abraão, sendo chamado (de Ur) para um lugar (Canaã) que havia de receber por herança, obedeceu e saiu, sem saber para onde ia" (Hb. 11:8).

Como consideramos as promessas de Deus pela primeira vez, nós, também, podemos sentir que não sabemos, exatamente, como será a terra prometida do Reino de Deus. Mas a nossa fé na Palavra de Deus deveria ser tal que também nós a obedecêssemos prontamente.

Abraão não vagueava como nômade, sem nada melhor para fazer do que arriscar nestas promessas. Ele tinha uma história que, em termos fundamentais, é muito parecida com a nossa. As decisões complexas e agonizantes que ele enfrentou foram semelhantes àquelas que nós, talvez, tenhamos que enfrentar, se considerarmos aceitar e agir de acordo com as promessas de Deus - o olhar estranho dos colegas de trabalho, o olhar zombeteiro dos vizinhos ("Ele virou religioso!")...Abraão conhecia estas coisas. A motivação que Abraão precisava para enfrentar isto tudo deveria ser tremenda. A única coisa que proporcionava aquela motivação, durante os seus longos anos de viagem, foi a palavra da promessa. Ele deve ter memorizado aquelas palavras e meditado diariamente sobre o que elas, realmente, significavam para ele.

Ao demonstrar semelhante fé, e a ação em conformidade a ela, nós podemos ter as mesmas honras que Abraão - ser chamados amigos de Deus (Is. 41:8), encontrar o conhecimento de Deus (Gn. 18:17) e ter uma segura esperança de vida eterna no Reino. Mais uma vez enfatizamos que o Evangelho de Cristo baseia-se nestas promessas a Abraão. Para acreditar, verdadeiramente na mensagem cristã, nós, também, devemos conhecer firmemente as promessas feitas a Abraão. Sem elas a nossa fé não é fé. Nós deveríamos ler e reler os diálogos entre Deus e Abraão com olhos ávidos.

A Terra

1) "Sai da tua terra...para a terra que eu te mostrarei" (Gn. 12:1).

2) Abraão "fez as suas jornadas...até Betel (no centro de Israel) Disse o Senhor a Abrão...levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o norte, para o sul, para o oriente, e para o ocidente. Toda esta terra que vês, hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre...percorre a terra...pois eu a darei a ti" (Gn. 13:3,14-17).

3) "Fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates" (Gn. 15:18).)

4) "Darei a ti e à tua descendência depois de ti a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em perpétua possessão" (Gn. 17:8).

5) "A promessa de que (Abraão) havia de ser herdeiro do mundo" (Rm. 4:13).

Aqui nós vemos uma revelação progressiva feita a Abraão:-

1) ''Existe uma terra, para a qual eu gostaria que você fosse''.

2) ''Agora você chegou na área. Você e seus filhos vão viver aqui para sempre''. Observe como esta promessa de vida eterna não está registrada com glamour ou ênfase; sem dúvida, um autor humano iria animá-la.

3) A área da terra prometida foi definida mais especificamente.

4) Abraão não deveria esperar receber o cumprimento da promessa nesta vida - ele deveria ser um "estranho" na terra, embora, mais tarde, ele fosse viver ali para sempre. A implicação disto é que ele morreria e mais tarde ressuscitaria para ser capaz de receber esta promessa.

5) Paulo, sob inspiração, viu evidentemente que as promessas a Abraão significavam a sua herança de toda a terra.

As Escrituras explicam isto de forma esmerada, lembrando-nos que Abraão não recebeu o cumprimento destas promessas na sua vida:-

"Pela fé ele peregrinou (implicando um estilo de vida temporário) na terra da promessa, como em terra alheia, habitando em tendas" (Hb. 11:9).

Ele viveu como um estrangeiro na terra, talvez com o mesmo sentido clandestino de insegurança e inadequação que um refugiado experimenta. Dificilmente ele estava vivendo com a sua semente na sua própria terra. Junto com os seus descendentes, Isaque e Jacó, (aos quais a promessa foi repetida), eles "morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as (eles) e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra" (Hb. 11:13, Edição Revista e Corrigida). Observe os quatro estágios:-

- Conhecendo as promessas - como estamos fazendo através deste estudo.

- Sendo "persuadidos por elas" - se foi necessário um processo de persuasão para Abraão, quanto mais para nós?

- Abraçando-as - pelo batismo em Cristo (Gl. 3:27-29).

- Confessando ao mundo, pelo nosso modo de viver, que este mundo não é o nosso lar verdadeiro, mas nós estamos vivendo na esperança daquela era futura por vir sobre a terra.

Abraão torna-se o nosso grande herói e exemplo, se nós avaliarmos estas coisas. O reconhecimento final de que o cumprimento das promessas está no futuro veio para o velho homem cansado quando a sua mulher morreu; ele, realmente, teve que comprar parte da terra prometida para enterrá-la (Atos 7:16). Deus verdadeiramente "não lhe deu nela herança, nem ainda o espaço de um pé. Mas prometeu que lhe daria a posse dela" (Atos 7:5). A atual semente de Abraão pode sentir a mesma incongruência ao comprar ou alugar uma propriedade - na terra que lhes foi prometida como herança pessoal e eterna!

Mas Deus guarda as suas promessas. Virá um dia quando Abraão e todos aqueles a quem foram feitas promessas, serão recompensados. Hb. 11:13,39,40 esclarece:-

"Todos estes morreram na fé. Não alcançaram as promessas. Deus havia provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados".

Assim, todos os verdadeiros crentes serão recompensados na mesma hora, i.e. perante o trono do juízo no último dia (2 Tm. 4:1,8; Mt. 25:31-34; 1 Pedro 5:4). Segue-se que, para ter existência, a fim de ser julgado, Abraão e outros que conheciam estas promessas, devem ressuscitar imediatamente antes do juízo. Se eles não receberam as promessas ainda, e só farão isto após a ressurreição e juízo na volta de Cristo, não há alternativa, a não ser aceitar que os que são semelhantes a Abraão presentemente estão inconscientes, aguardando a vinda de Cristo; apesar de que, por toda Europa, janelas adornadas com mosaico nas igrejas sejam conhecidas por mostrar Abraão agora nos céus, desfrutando da recompensa prometida por uma vida de fé. Milhares de pessoas por centenas de anos desfilaram diante daquelas figuras, aceitando religiosamente tais idéias. Com base na Bíblia você teria coragem para se comportar de forma diferente?

A Semente

Como foi explicado no Estudo 3:2, a promessa de uma semente aplica-se, primeiramente, a Jesus e, secundariamente, àqueles que estão "em Cristo" e que, por isso, também são contados como semente de Abraão.:-

1) "Farei de ti uma grande nação, e te abençoarei...e em ti serão benditas todas as famílias da terra" (Gn. 12:2,3).

2) "Farei a tua descendência como o pó da terra, de modo que se alguém puder contar o pó da terra, também a tua descendência será contada...toda esta terra que vês, hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre" (Gn. 13:15,16).

3) "Olha agora para o céu, e conta as estrelas, se as podes contar...Assim será a tua descendência...À tua descendência dei esta terra" (Gn. 15:5,18).

4) "Darei à ti e à tua descendência depois de ti...toda a terra de Canaã, em perpétua possessão; e serei o seu Deus" (Gn. 17:8).

5) "Grandemente multiplicarei a tua descendência, como as estrelas do céu e como a areia que está na praia do mar. A tua descendência tomará posse das cidades dos seus inimigos; e em tua descendência serão benditas todas as nações da terra" (Gn. 22:17,18).

Novamente, o entendimento de Abraão sobre a "semente" foi progressivamente ampliado:-

1) Em primeiro lugar foi-lhe dito que, de alguma maneira, ele teria um número extraordinário de descendentes, e que através da sua "semente" toda a terra seria abençoada.

2) Mais tarde foi-lhe dito que ele teria uma semente que viria a incluir muitas pessoas. Estas pessoas passariam a vida eterna junto com ele, naquela terra onde ele havia chegado, i.e. Canaã.

3) Foi-lhe dito que esta semente se tornaria tão numerosa como as estrelas no céu. Isto pode ter-lhe sugerido que ele teria muitos descendentes espirituais (estrelas no céu) bem como naturais (como "o pó da terra").

4) As promessas anteriores foram enfatizadas com a garantia adicional de que as muitas pessoas que se tornariam parte da semente poderiam ter um relacionamento pessoal com Deus.

5) Esta semente teria vitória sobre os seus inimigos.

Observe que a semente deveria trazer "bênçãos" que estariam disponíveis às pessoas de toda a terra. A idéia de bênção na Bíblia está freqüentemente ligada ao perdão dos pecados. Além disso, esta é a maior bênção que uma pessoa que ama a Deus poderia desejar. Assim, nós lemos textos como: "Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada" (Sl. 32:1); "O cálice de bênção" (1 Co. 10:16), descrevendo o cálice de vinho que representa o sangue de Cristo, através do qual o perdão é possível.

O único descendente de Abraão que trouxe perdão de pecados ao mundo é, obviamente, Jesus, e o comentário do Novo Testamento sobre as promessas a Abraão oferece sólida confirmação disto:-

"A Escritura (Deus) não diz: E a seus descendentes, como falando de muitos (i.e. no plural), mas como de um só (no singular): E a teu descendente, que é Cristo" (Gl. 3:16).

"...da aliança que Deus fez com vossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditos todos os povos da terra. Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus (i.e. a semente), primeiro o enviou a vós...ao desviar-se, cada um, das suas maldades" (Atos 3:25,26).

Observe aqui como Pedro cita e interpreta Gn. 22:18:-

A semente = Jesus

A bênção = perdão de pecados.

A promessa de que Jesus, a semente, teria vitória sobre os seus inimigos, agora se encaixa no devido lugar, se isto for lido com referência à sua vitória sobre o pecado - o maior inimigo do povo de Deus, e, por isso, também de Jesus.

Unindo-se À Semente

Neste ponto deveria estar claro que os elementos básicos do Evangelho cristão eram compreendidos por Abraão. Mas estas promessas vitais foram feitas para Abraão e a sua semente, Jesus. E sobre os demais? Mesmo os descendentes físicos de Abraão não fariam, automaticamente, parte daquela semente específica (João 8:39; Rm. 9:7). De alguma forma devemos nos tornar intimamente parte de Jesus, de tal maneira que as promessas feitas à semente são compartilhadas, da mesma forma, com todos nós. Isto ocorre através do batismo em Jesus (Rm. 6:3-5); freqüentemente lemos do batismo em seu nome (Atos 2:38; 8:16; 10:48; 19:5). Gl. 3:27-29 não poderia deixar este ponto mais claro do que isto:-

"Pois todos vós (i.e. somente aqueles!) que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Desta forma não há judeu nem grego (gentio), não há servo nem livre, não há macho nem fêmea, pois todos vós sois um em (estando na condição de) Cristo Jesus (pelo batismo). E, se sois de Cristo (pelo batismo nEle), então sois descendentes de Abraão, e herdeiros conforme a promessa."

- A promessa da vida eterna na terra, ao receber a " bênção " do perdão por Jesus. É através do batismo em Cristo, a semente, que nós compartilhamos as promessas feitas a ele; e assim Rm. 8:17 nos chama "co-herdeiros com Cristo".

Lembre-se que a bênção devia vir sobre as pessoas de todas as partes da terra, através da semente; e a semente devia se tornar um grupo de pessoas de todo o mundo, como a areia das praias e as estrelas do céu. Segue-se que isto se deve ao fato de terem recebido primeiro a bênção, de tal maneira que eles possam se tornar a semente. Assim a semente (singular) "falará do Senhor às gerações futuras" (i.e. muitas pessoas; Sl. 22:30).

Podemos resumir as duas linhas das promessas dadas a Abraão:-

(1) A Terra

Abraão e sua semente, Jesus, e aqueles que estão nEle, herdariam a terra de Canaã e por extensão toda a terra, e viveriam para sempre. Eles não a receberiam nesta vida, mas fariam isto no último dia, quando Jesus voltar.

(2) A Semente

Primeiramente esta foi Jesus. Através dEle, os pecados ("inimigos") da humanidade seriam vencidos, para que as bênçãos do perdão estivessem disponíveis a todo o mundo.

Pelo batismo no nome de Jesus nós nos tornamos parte da semente.

Estas mesmas duas linhas ocorrem na pregação do Novo Testamento, e, sem surpreender, geralmente está relatado que quando as pessoas ouviram os seus ensinos, foram, então, batizadas. Isto era, e é, a forma como estas promessas podem ser feitas a nós. Agora podemos entender porquê, como um homem idoso diante da morte, Paulo podia definir a sua esperança como "a esperança de Israel" (Atos 28:20): a verdadeira esperança cristã é a esperança judia original. Cristo comenta que "a salvação vem dos judeus" (João 4:22), o que também se refere à necessidade de nos tornar judeus espirituais, para que possamos nos beneficiar das promessas da salvação através de Cristo, que foram feitas aos patriarcas judeus.

Lemos que os primeiros cristãos pregavam:-

1) "As coisas concernentes ao Reino de Deus

e

2) o nome de Jesus Cristo" (Atos 8:12).

Estas foram, exatamente, as duas coisas explicadas a Abraão sob títulos um pouco diferentes:-

1) Promessas sobre a terra e

2) Promessas sobre a semente.

Continuando, observe que "as coisas" (plural) sobre o Reino e Jesus são resumidas como "pregar a Cristo" (Atos 8:5 cf. v. 12). Com freqüência isto tem significado dizer: "Jesus te ama! Apenas diga que você acredita que Ele morreu por você e você é um homem salvo!" No entanto, a expressão "Cristo" resume claramente o ensino de várias coisas sobre Ele e a vinda do Seu Reino. As boas-novas sobre o Seu Reino , que foram pregadas a Abraão, tiveram uma grande parte nos primeiros ensinos do Evangelho.

Em Corinto, Paulo estava "falando ousadamente por três meses, discutindo e persuadindo acerca do reino de Deus" (Atos 19:8); em Éfeso ele "pregava o reino de Deus" (Atos 20:25), e a sua última obra em Roma era a mesma, "Explicava com bom testemunho o reino de Deus, e procurava persuadi-los a respeito de Jesus, tanto pela lei de Moisés, como pelos profetas" (Atos 28:23,31). Havia tanto para se falar, mostrando que a mensagem básica do Evangelho sobre o Reino e Jesus não era apenas uma questão de dizer "Creia em Jesus". A revelação de Deus a Abraão era mais detalhada que isso, e as coisas prometidas a ele são a base do verdadeiro Evangelho cristão.

Nós mostramos que o batismo em Jesus nos faz parte da semente e, por isto, capazes de herdar as promessas (Gl. 3:27-29), mas o batismo sozinho não é suficiente para nos assegurar a salvação prometida. Devemos permanecer na semente, em Cristo, se formos receber as promessas feitas à semente. Assim, o batismo é apenas o começo; entramos em uma corrida onde precisamos correr. Não esqueça que, apenas tecnicamente, ser a semente de Abraão não significa que sejamos aceitáveis a Deus. De alguma forma os israelitas são semente de Abraão, mas isto não significa que eles possam ser salvos sem ser batizados e moldarem suas vidas em conformidade com Cristo e o exemplo de Abraão (Rm. 9:7,8; 4:13,14). Jesus disse aos judeus: "Sei que sois descendentes de Abraão. Contudo, procurais matar-me...Se fôsseis filhos de Abraão, praticaríeis as obras de Abraão" (João 8:37,39), que queria dizer, viver uma vida de fé em Deus e Cristo, a semente prometida (João 6:29).

A "semente" deve ter as características do seu ancestral. Se nós formos a verdadeira semente de Abraão devemos, não apenas, ser batizados, mas também ter uma fé real nas promessas de Deus, assim como Abraão teve. Por isso ele é chamado "o pai de todos os que crêem...que também andam nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão" (Rm. 4:11,12). "Sabei, pois (i.e. realmente confiai!)que os da fé é que são filhos de Abraão" (Gl. 3:7).

A fé verdadeira deve se manifestar em algum tipo de ação, de outra forma, aos olhos de Deus, ela não é fé (Tiago 2:17). Demonstramos nossa crença nestas promessas que estudamos, primeiro, sendo batizados, para que elas sejam, pessoalmente, aplicadas a nós (Gl. 3:27-19). Então, você realmente acredita nas promessas de Deus? Esta é uma pergunta que devemos fazer continuamente, a nós mesmos, durante toda a nossa vida.

A velha e a nova aliança

Deveria estar evidente neste ponto de que as promessas feitas a Abraão resumem o Evangelho de Cristo. O outro grande grupo de promessas que Deus fez foi aos judeus no contexto da lei de Moisés. Estas declaram que se os judeus fossem obedientes a esta lei, então seriam fisicamente abençoados nesta vida (Dt. 28). Não havia promessa direta de vida eterna nesta série de promessas, ou "aliança". Então, vemos que foram feitas duas "alianças":-

1) Com Abraão e sua semente, prometendo perdão e vida eterna no reino de Deus quando Cristo voltar. Esta promessa também foi feita no Éden e para Davi.

2) Com o povo judeu na época de Moisés, prometendo paz e felicidade na vida presente se eles obedecessem a lei que Deus deu a Moisés.

Deus prometeu a Abraão o perdão e a vida eterna, mas isto só foi possível através do sacrifício de Jesus. Por esta razão nós lemos que a morte de Cristo sobre a cruz confirmou as promessas a Abraão (Gl. 3:17; Rm. 15:8; Dn. 9:27; 2 Co. 1:20), por isso o seu sangue é chamado o "sangue do novo testamento" (aliança, Mt. 26:28). É para lembrar disto que Jesus nos disse para, regularmente, tomar o cálice de vinho, simbolizando seu sangue, para nos lembrar destas coisas (ver 1 Co. 11:25): "Este cálice é o novo testamento (aliança) no meu sangue." (Lc. 22:20) Não há significado em "partir o pão" em memória de Jesus e sua obra, a menos que nós entendamos estas coisas.

O sacrifício de Jesus tornou o perdão e a vida eterna possíveis no Reino de Deus; por isto ele tornou certas as promessas a Abraão; ele era "fiador de melhor aliança". (Hb. 7:22) Hebreus 10:9 fala de Jesus "tirando a primeira (aliança), para estabelecer a segunda". Isto mostra que quando Jesus confirmou as promessas a Abraão, ele aboliu a outra aliança, que foi a aliança dada por Moisés. Os versos já citados sobre Jesus confirmam uma nova aliança pela sua morte, implicando que havia uma aliança antiga, a qual ele aboliu (Hb. 8:13).

Isto significa que, embora a aliança com respeito a Cristo tenha sido feita primeiro, ela não entrou totalmente em operação até a sua morte, por isso é chamada a "nova" aliança. O propósito da "velha" aliança feita através de Moisés era apontar adiante à obra de Jesus, e enfatizar a importância da fé nas promessas, com respeito a Cristo (Gl. 3:19,21). Contrariamente, fé em Cristo confirma a verdade da lei dada a Moisés (Rm. 3:31). De modo singular Paulo resume: "a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados" (Gl. 3:24). É para este propósito que a lei através de Moisés foi preservada, e ainda é benéfica para o nosso estudo.

Estas coisas não são simples de entender em uma primeira leitura; mas podemos resumir como segue:-

Promessas com respeito a Cristo, feitas a Abraão - Nova Aliança.

Promessas a Israel, associadas com a lei, dadas a Moisés - Antiga Aliança.

Morte de Cristo. Fim da Antiga Aliança (Cl. 2:14-17). Começa a vigorar a Nova Aliança.

Por esta razão coisas como o dízimo, guardar o sábado etc., que eram parte da Velha Aliança, agora não são necessárias - ver Estudo 9.5. A Nova Aliança será feita com o Israel natural quando eles se arrependerem e aceitarem a Cristo (Jr. 31:31,32; Rm. 9:26,27; Ez. 16:62; 37:26), embora, é claro, qualquer judeu que faz isto agora e é batizado em Jesus, pode, imediatamente, entrar na Nova Aliança (na qual não existe discriminação judeu/gentio - Gl. 3:27-29).

Avaliar estas coisas honestamente nos faz entender a certeza das promessas de Deus. Os céticos acusaram injustamente os primeiros pregadores cristãos de não darem uma mensagem positiva. Paulo respondeu dizendo que por causa da confirmação de Deus, das suas promessas com respeito à morte de Cristo, a esperança da qual eles falaram não era uma questão incerta, mas uma oferta garantida: "Como Deus é fiel, nossa palavra (de pregação) para convosco não é sim e não. Pois o Filho de Deus, Jesus Cristo, que entre vós foi pregado por nós...não foi sim e não, mas nele houve sim. Pois quantas promessas há de Deus, têm nele o sim, e por ele o amém." (2 Co. 1:17-20)

Com certeza isto bombardeia a atitude de quem diz: "Bem, eu imagino que pode ter algo de verdade nisso..."?


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